sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Anseios Crípticos 2

Em Anseios Crípticos 2, estão reunidos textos que em um primeiro momento foram publicados em jornais da década de 80, quando Leminski teve uma grande participação na área da crítica literária e tradução como colaborador de revistas e jornais. Na área da crítica, escreveu inúmeros ensaios sobre poesia, cultura, arte, literatura, da clássica à contemporânea, de diversos autores dos quais viria a fazer traduções de obras. Em seus ensaios predomina uma linguagem clara, acessível e coloquial, com seu humor habitual.


Agora é que são elas

Em 1984 foi publicado seu segundo romance, Agora é que são elas, que sofreu alguma crítica diante do êxito do seu primeiro romance, até mesmo por ele, que afirmou não ter atingido o objetivo que pretendia. Nesta narrativa aparecem intensos componentes biográficos do cotidiano em que Leminski vivia.


Caprichos e Relaxos

Caprichos e Relaxos, de 1983, é uma obra que Leminski mostra toda a sua pluralidade e multiplicidade entre 1963 e 1983, reúne, por exemplo, haicais, textos semióticos e poemas de natureza concreta, e teve sua apresentação feita por Haroldo de Campos, seu amigo. Os poemas da primeira parte apresentam exemplos de jogos semânticos, a segunda e terceira parte traz a maioria dos poemas das suas duas obras anteriores, Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase e Polonaises. A quarta parte é dedicada aos haicais e a quinta parte é uma seleção de poemas visuais, fruto de seu trabalho como publicitário. A sexta parte é composta por contos, e por fim, a última parte contém seus primeiros poemas publicados na revista Invenção.


Catatau

O primeiro romance de Leminski foi Catatau, publicado em 1975 levou oito anos para ser concluído e ele o denominou de “prosa experimental”. Leminski não usa de uma narrativa tradicional, mas sim de tênues marcas entre prosa e poesia. É a hipótese do que poderia ter acontecido se o filósofo René Decartes tivesse vindo ao Brasil junto com Maurício de Nassau durante o período colonial, ideia que teve enquanto dava uma aula sobre a invasão holandesa. A primeira versão foi escrita como conto sob o título de Descartes com lentes, que Leminski usou para participar do Concurso de Contos do Paraná, o qual não ganhou mas lhe inspirou a escrever o romance-ideia final.


Distraídos Venceremos

O último livro de poemas de Leminski, publicado em vida, foi Distraídos Venceremos em 1987. Foi recebido com grande entusiasmo pela crítica e é considerado pelo poeta como uma continuação espontânea de Caprichos e Relaxos, porque os poemas continuam com os jogos de palavras habituais que dão sentidos diferentes a uma mesma expressão. Nestes textos Leminski acreditava “ter atingido um horizonte longamente almejado: a abolição (não da realidade, evidentemente) da referência, através da rarefação.”.
Ele tinha uma preocupação com o fazer poético e muitos de seus poemas empregam a metalinguagem, pois para ele o autor se deleita em mostrar ao leitor como as palavras são admiráveis e aprazíveis ao invés de usá-las para apresentar seus sentidos. Também dizia que “poeta não é só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para entender e curtir poesia. Mesmo que nunca tenha arriscado um verso. Quem não tem senso de humor, nunca vai entender a piada”.
Composto por 109 poemas, dos quais 38 são metapoemas, denunciando seu gosto pelo fazer poético. Os outros poemas exprimem sobre a vida incompleta e inexplicável, a apreensão do mundo, o amor e desamor do homem perante sua trajetória de problemas e família, e sua forma de lidar com a incógnita amorosa. Há ainda, o terceiro capítulo, destinado aos haicais.


La vie en close

La vie en close (1991), é o livro seguinte a Distraídos Venceremos, publicado postumamente. No título Leminski brinca com a expressão francesa “la vie en rose”, quando se está vendo a vida por lentes cor de rosas. Este livro é composto por vários poemas inéditos que têm uma linguagem fácil, sonora e fluida. Nestes poemas percebe-se o pressentimento que tinha em relação ao pouco tempo de vida que tinha.
Para Alice Ruiz, a organizadora do livro para a publicação, “esses poemas, mais que quaisquer outros, estão cheios de noites e madrugadas adentro. Cheios de uma dor tão elegante que é capaz de nos fazer rir, apesar de tudo (...) Saltam da página para o entendimento."