Em Anseios Crípticos 2, estão reunidos textos que em um primeiro
momento foram publicados em jornais da década de 80, quando Leminski teve uma
grande participação na área da crítica literária e tradução como colaborador de
revistas e jornais. Na área da crítica, escreveu inúmeros ensaios sobre poesia,
cultura, arte, literatura, da clássica à contemporânea, de diversos autores dos
quais viria a fazer traduções de obras. Em seus ensaios predomina uma linguagem
clara, acessível e coloquial, com seu humor habitual.
obras
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Agora é que são elas
Em
1984 foi publicado seu segundo romance, Agora é que são elas, que sofreu
alguma crítica diante do êxito do seu primeiro romance, até mesmo por ele, que
afirmou não ter atingido o objetivo que pretendia. Nesta narrativa aparecem
intensos componentes biográficos do cotidiano em que Leminski vivia.
Caprichos e Relaxos
Caprichos e
Relaxos, de 1983, é uma obra que Leminski
mostra toda a sua pluralidade e multiplicidade entre 1963 e 1983, reúne, por
exemplo, haicais, textos semióticos e poemas de natureza concreta, e teve sua apresentação
feita por Haroldo de Campos, seu amigo. Os poemas da primeira parte apresentam exemplos
de jogos semânticos, a segunda e terceira parte traz a maioria dos poemas das
suas duas obras anteriores, Não fosse isso e era
menos/ não fosse tanto e era quase e Polonaises. A quarta parte é dedicada aos haicais e a quinta parte é
uma seleção de poemas visuais, fruto de seu trabalho como publicitário. A sexta
parte é composta por contos, e por fim, a última parte contém seus primeiros
poemas publicados na revista Invenção.
Catatau
O primeiro romance de Leminski
foi Catatau, publicado em 1975 levou oito
anos para ser concluído e ele o denominou de “prosa experimental”. Leminski
não usa de uma narrativa tradicional, mas sim de tênues marcas entre prosa e
poesia. É a hipótese do que poderia ter
acontecido se o filósofo René Decartes tivesse vindo ao Brasil junto com
Maurício de Nassau durante o período colonial, ideia que teve enquanto dava uma
aula sobre a invasão holandesa. A primeira versão foi escrita como conto sob o
título de Descartes com lentes, que Leminski usou para participar do
Concurso de Contos do Paraná, o qual não ganhou mas lhe inspirou a escrever o
romance-ideia final.
Distraídos Venceremos
O último livro de poemas de Leminski, publicado em vida,
foi Distraídos
Venceremos em 1987. Foi recebido com
grande entusiasmo pela crítica e é considerado pelo poeta como uma continuação
espontânea de Caprichos e Relaxos, porque
os poemas continuam com os jogos de palavras habituais que dão sentidos
diferentes a uma mesma expressão. Nestes textos Leminski acreditava “ter
atingido um horizonte longamente almejado: a abolição (não da realidade,
evidentemente) da referência, através da rarefação.”.
Ele tinha uma preocupação com o fazer poético e
muitos de seus poemas empregam a metalinguagem, pois para ele o autor se
deleita em mostrar ao leitor como as palavras são admiráveis e aprazíveis ao
invés de usá-las para apresentar seus sentidos. Também dizia que “poeta não é
só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para entender e curtir
poesia. Mesmo que nunca tenha arriscado um verso. Quem não tem senso de humor,
nunca vai entender a piada”.
Composto por 109 poemas, dos quais 38 são metapoemas,
denunciando seu gosto pelo fazer poético. Os outros poemas exprimem sobre a
vida incompleta e inexplicável, a apreensão do mundo, o amor e desamor do homem
perante sua trajetória de problemas e família, e sua forma de lidar com a
incógnita amorosa. Há ainda, o terceiro capítulo, destinado aos haicais.
La vie en close
La
vie en close (1991), é o
livro seguinte a Distraídos Venceremos,
publicado postumamente. No título Leminski brinca com a expressão francesa “la
vie en rose”, quando se está vendo a vida por lentes cor de rosas. Este livro é
composto por vários poemas inéditos que têm uma linguagem fácil, sonora e
fluida. Nestes poemas percebe-se o pressentimento que tinha em relação ao pouco
tempo de vida que tinha.
Para Alice Ruiz, a organizadora do livro
para a publicação, “esses poemas, mais que
quaisquer outros, estão cheios de noites e madrugadas adentro. Cheios de uma
dor tão elegante que é capaz de nos fazer rir, apesar de tudo (...) Saltam da
página para o entendimento."
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